quarta-feira, 16 de maio de 2007

Vídeo indicado

Vídeo Classe Média, de Max Gonzaga e Banda Marginal, foi usada como exemplo da indignação com a onda de violência. Vídeo teve mais de 23.000 acessos no You Tube

http://www.youtube.com/watch?v=ROHY9T6RNL8

Letra:
Sou classe média
Papagaio de todo telejornal
Eu acredito
Na imparcialidade da revista semanal
Sou classe média,compro roupa e gasolina no cartão
Odeio "coletivos" e vou de carro que comprei a prestação
Só pago impostos,
Estou sempre no limite do meu cheque especial
Eu viajo pouco, no máximo um
Pacote CVC tri-anual
Mas eu "tô nem aí"
Se o traficante é quem manda na favela
Eu não "tô nem aqui"
Se morre gente ou tem enchente em Itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda
Mas fico indignado com o Estado
Quando sou incomodado
Pelo pedinte esfomeado
Que me estende a mão
O pára-brisa ensaboado
É camelô, biju com bala
E as peripécias do artista
Malabarista do farol
Mas se o assalto é em "Moema"
O assassinato é no "Jardins"
E a filha do executivo
É estuprada até o fim
Aí a mídia manifesta
A sua opinião regressa
De implantar pena de morte
Ou reduzir a idade penal
E eu que sou bem informado
Concordo e faço passeata
Enquanto aumento a audiência
E a tiragem do jornal
Porque eu não "tô nem aí"
Se o traficante é quem manda na favela
Eu não "tô nem aqui"
Se morre gente ou tem enchente em Itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda
Toda tragédia só me importa
Quando bate em minha porta
Porque é mais fácil condenar
Quem já cumpre pena de vida
Sou classe média

quarta-feira, 2 de maio de 2007

Discussão sobre o filme "Diálogos Impertinentes - Impunidade"

A discussão sobre a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos ressurge, em geral, em momentos de comoção nacional. E essa polêmica, que se fortaleceu após a série de crimes bárbaros amplamente divulgados pela mídia no início do ano, parece estar ganhando corpo. Na última quinta-feira, 26, a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado aprovou, por 12 votos a 10, a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que reduz de 18 para 16 anos a maioridade penal no país.
Mesmo que não seja definitiva, a medida mostra que a discussão está ganhando espaço na sociedade brasileira, mas que a opinião sobre o que realmente deve ser feito não é tão clara , o que é evidente até pelo resultado da CCJ.
No filme "Diálogos Impertinentes – Impunidade", esse tema também aparece e expõe problemas do sistema judiciário do país.
A ligação entre este tema e a impunidade seria a seguinte: o menor comete crimes hediondos sem grandes preocupações por saber que não será punido e é incentivado por colegas mais velhos a executar algum crime grave por ter pena mais leve.
No entanto, o dado concreto é que apenas 10% dos crimes cometidos no país têm como responsáveis menores de 18 anos. Além disso, o sistema prisional brasileiro não é está preparado para receber mais detentos, uma vez que já opera com superlotação.
Seria a tornozeleira de monitoramento a solução? Seriam as outras emendas que endureceram o código penal para aqueles que atuam em crimes hediondos ao lado de menores o suficiente?
Enfim, o tema mobiliza a OAB, as entidades ligadas aos direitos humanos e aos da criança e do adolescente, a CNBB, as pastorais e, como não poderia deixar de ser, a mídia.
Um dos advogados presentes da roda de debate chegou a declarar que a discussão sobre a redução da maioridade penal surgiu devido à lógica de rapidez exigida pela imprensa. Como a notícia de condenação de um preso demora a chegar, a sociedade tem a sensação de impunidade e realmente acredita que os jovens não são penalizados pelos crimes cometidos. Além disso, eles dizem que o critério da mídia prejudica a imagem do poder judiciário, pois esta teria preferência pela divulgação de casos em que a impunidade parece mais evidente.
Independente do tempo que é necessário para que as provas sejam colhidas e investigadas e pela lógica de tempo que difere entre essa e a correria do fechamento e a extrema lentidão da burocracia, o que foi dito logo no começo do debate foi: "A lei não é imutável. Ela se altera em função das relações sociais e se adapta à realidade".
Será que nesse momento a sociedade brasileira precisa mesmo de uma mudança em suas leis? Será que toda essa comoção é realmente fruto dos interesses midiáticos?
A única coisa que temos certeza que não precisamos é ouvir o senador Eduardo Suplicy interpretando o rap dos Racionais para tentar nos convencer do que é certo e errado....